Muitas profissões foram afetadas pela Pandemia do novo coronavírus, mas algumas foram temporariamente extintas. Você já pensou naquele motorista da van que levava os estudantes para a escola? O que será que ela fez para pagar as contas enquanto não tinha crianças para transportar?
Teve também quem estava bem posicionado, com as vendas em alta, mas viu o mercado despencar… E então? O que fazer? Máscaras, é claro.
Venha conosco neste artigo conhecer a história de duas empreendedoras que usaram agulha e linha para dar a volta por cima nesse período de incertezas – e inspire-se você também.
Os ateliês de costura e a fabricação de máscaras
A Danielle Rodrigues Oliveira já era costureira de mão cheia, é verdade. Para complementar a renda e pelo prazer da confecção artesanal, fazia bolsas, mochilas, capas para cadernos – uma infinidade de itens para o dia a dia escolar. Essa ligação com a escola vinha do seu emprego formal: Danielle é motorista de transporte escolar. Ela é uma entre os tantos brasileiros que têm atividades regidas pelos meses letivos contra os períodos de férias – se escola funciona, seu emprego funciona.
Já a Lara Luiza Oliveira, em entrevista ao portal Pequenas Empresas Grandes Negócios, conta que trabalhava com moda plus size e uniformes para franquias. Mesmo com a empresa atuante, os negócios pararam com a Pandemia.
A Danielle em Porto Alegre, a Lara em São Paulo, mas a solução foi a mesma (e igual a que muitas outras brasileiras – e brasileiros também – aderiram): fabricar e vender máscaras.
No caso gaúcho, a Danielle já tinha uma certa clientela que conhecia os produtos que ela vendia na Fios & Mimos – e tinha uma página na rede social divulgando as peças. Foi por esse mesmo caminho que o pessoal ficou sabendo que ela também estava oferecendo máscaras de proteção em tecido.
Já a Lara, viu o problema que o namorado estava enfrentando por utilizar a máscara de proteção comum: ele cultiva uma enorme barba, e o equipamento não se acomodava. Com um design especial para resolver a situação, Lara ganhou milhares de clientes justamente a partir da publicação que o namorado divulgou usando a confecção dela, e ele já tinha mais de 40 mil seguidores interessados justamente no assunto “barbudos”.
Marketing Digital e Empreendedorismo
Em ambos os casos você percebe que as redes sociais foram o caminho para alavancagem das vendas: publicar fotos dos produtos abriu o caminho para as duas empreendedoras.
Segundo a reportagem de que Lara participou, logo após a publicação pelo namorado da foto usando a máscara especial a demanda já se tornou gigante. Para dar vazão às vendas, Lara primeiro inseriu o produto na mesma plataforma que utilizava para o mercado plus size, mas em seguida percebeu a necessidade de investir na identidade visual e digital da marca de máscaras.
Danielle conta que também utilizou o canal que já mantinha para divulgar a produção anterior, mas comenta um detalhe em especial: “muitas pessoas publicavam fotos de máscaras para vender de qualquer jeito, mas eu me arrumava e colocava a máscara mais bonita que tinha produzido – e eu podia me preparar porque todo mundo ia ver a foto e querer uma máscara igual àquela”.
Essa é uma das chaves para o sucesso de qualquer empreendimento: fazer a apresentação dos produtos com qualidade, buscando colocar o cliente em contato com aquilo que comprará da melhor forma. O equipamento especial para quem cultiva barba sendo utilizado por um conhecido influenciador desse segmento fez a diferença em um caso; na outra proposta, apresentar as máscaras como um complemento para o visual sofisticado também impulsionou as vendas.
Em tempos de Pandemia, ainda foi essencial um canal de vendas que pudesse ser utilizado pelo cliente totalmente online: o mensageiro Whatsapp foi um dos pilares das vendas nesse momento, porque o cliente se sente atendido pessoalmente, conseguindo conversar diretamente com o vendedor e tirar suas dúvidas.
Faturamento durante a Pandemia
Os empreendedores que perceberam que o artigo de proteção seria uma necessidade, já lá no início, puderam surfar a onda do momento.
Danielle comenta que não queria fazer máscaras. A falta de informação certeira sobre o benefício do uso da proteção ou não deixou a empreendedora insegura para colocar esforço nesse produto. “Quando comecei a receber as reportagens de que já se tornava obrigatório em alguns Estados, percebi que logo seria obrigatório aqui”, comenta, indicando que o início da produção foi alinhado ao momento de maior demanda. Ela conta que, nesse primeiro período, vendia mais do que conseguia produzir, costurando durante o dia e entregando a noite.
Já para Lara, o marketing digital fez efeito imediato: ela viu o faturamento chegar perto dos R$20 mil no mês de junho. Isso só foi possível porque Lara já tinha uma rede de oficinas de costura que eram suas fornecedoras, e contou com o apoio delas também para que a produção fosse rápida, já que a necessidade dos clientes era imediatista.
Sem plano de negócios: olhando para o mercado e contando com a inovação
Nos dois casos que estamos comentando, as empreendedoras foram pegas de surpresa (como o mundo inteiro) pela Pandemia, e responderam prontamente ofertando um tipo de produto que era emergencial.
Quando os negócios ganham força nesse tipo de movimento, dificilmente os empreendedores tem aquele tempo para pensar e acabam tendo que resolver os problemas na hora em que aparecem.
As duas empreendedoras já tinham o material básico para a produção, uma vez que trabalhavam com costuras anteriormente. Apesar disso, como o início da Pandemia desacelerou a economia, Danielle comenta que teve dificuldades para repor o estoque de tecidos e os elásticos – e acabou pagando mais caro para receber os produtos e continuar com a produção.
Segundo os relatos de Lara, um dos obstáculos para ela foi justamente a criação do modelo, porque precisava ficar confortável para o uso com a barba. Ela criou quatro protótipos até chegar no modelo atualmente comercializado.
Outro desafio que Danielle enfrentou foi a rápida mudança nos modelos desenvolvidos: “primeiro eram as máscaras sanfonadas, em seguida vieram as máscaras bico de pato, e depois ainda as do tipo 3D”. Para manter-se oferecendo o tipo de produto buscado pelos clientes, ela precisou aprender rapidamente os novos tipos de moldes, buscando informações pela internet.
Essa jornada do empreendedor que está atuando sob demanda é sempre turbulenta, mas, como fizeram as empreendedoras, é preciso diminuir os riscos estando sempre atento ao momento de mercado e às inovações.
É claro que se você está pensando em investir e tem possibilidade de utilizar um tempo anterior ao lançamento do negócio para planejar, certas pedras que você encontrará no caminho estarão previstas – e vai ficar mais fácil passar por elas quando aparecerem.
Olhar atento para as finanças: saiba efetivamente o que acontece no seu negócio
É essencial, ainda, parar em algum momento para analisar as finanças do seu projeto: está valendo a pena atender à essas demandas emergenciais ou você acaba fazendo somente um giro de capital, do qual um pedaço muito pequeno é que fica no seu bolso?
Para fazer isso, em uma empresa muito pequena, é possível contar com ajuda de planilhas – algumas até mesmo disponíveis de forma gratuita online.
Se você estiver em um negócio nascente, e observar que a empresa tem potencial para investimento, é importante também pensar na formalização – que pode até começar como MEI – Microempreendedor Individual.
A vantagem de estar formalizado é que você tem acesso aos fornecedores e serviços de Pessoa Jurídica, além de contar com o aval do Governo para seus negócios, podendo inclusive fazer a emissão de notas fiscais. No modelo MEI, especificamente, você também tem direito aos benefícios sociais, como aposentadoria ou licença-saúde, o que é sempre um respaldo para qualquer imprevisto.
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