Em 26 de novembro de 2025, o Presidente da República sancionou a Reforma Tributária da Renda, que propõe a isenção do Imposto de Renda até 5 mil reais, a redução decrescente do imposto para pessoas que ganham entre R$5.00,01 e R$7.350,00, e cria a Tributação Mínima para Altas Rendas.
Tais mudanças, propostas pelo Projeto de Lei (PL) 1087/25, impactarão diretamente os profissionais autônomos que atuam como pessoa física (sem CNPJ) e emitem RPA (Recibo de Pagamento Autônomo).
Importante lembrar: como o PL foi aprovado e sancionado ainda em 2025, as mudanças entram em vigor a partir de janeiro de 2026, impactando a declaração do Imposto de Renda apenas em 2027.
Continue a leitura e entenda com os especialistas da Contabilizei todas as mudanças e impactos para os autônomos.
O que é RPA?
RPA é o Recibo de Pagamento Autônomo, um documento usado para formalizar o pagamento de serviços prestados por profissionais que trabalham como pessoa física (autônomos), sem vínculo empregatício e sem CNPJ.
Ao emitir um RPA, a fonte pagadora assume a responsabilidade pela retenção e recolhimento dos tributos devidos pelo autônomo, garantindo que os impostos sejam pagos corretamente.
Os principais impostos que incidem sobre o valor bruto do serviço e são retidos pela fonte pagadora no RPA são:
- Previdência Social (INSS): alíquota fixa em 11% sobre o valor total dos serviços, respeitando o teto do INSS (R$8.157,41 em 2025). Este valor é deduzido da base de cálculo do Imposto de Renda Retido na Fonte;
- Imposto sobre Serviços (ISS): as alíquotas variam entre 2% e 5% de acordo com o município onde o serviço é prestado;
- Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF): para 2025, as alíquotas variam de 7,5% a 27,5% para rendimentos acima de R$3.036,00 (dois salários mínimos em 2025). Valores abaixo de R$3.036,00 ainda são isentos desse imposto.
Com a aprovação do projeto que isenta o Imposto de Renda Retido na Fonte para rendimentos até R$5 mil, a principal mudança para o autônomo que emite RPA estará no recolhimento do IRRF. Ou seja: dependendo da renda do profissional, o Imposto de Renda será isento, receberá um desconto progressivo ou seguirá a tabela atual do Imposto de Renda.
O que muda com a Isenção do Imposto de Renda?
Levando em consideração apenas o impacto para os autônomos, as principais mudanças da isenção do Imposto de Renda são:
Levando em consideração apenas o impacto para os autônomos, as principais mudanças da isenção do Imposto de Renda são:
- Nova faixa de isenção total do imposto: o teto de isenção do IRPF é ampliado para rendas mensais de até R$5.000,00. Ou seja: para quem está nesta faixa, o imposto devido é zero.
- Nova faixa de desconto parcial: para pessoas com renda entre R$5.000,01 e R$7.350,00, o desconto no Imposto de Renda é parcial, ou seja, diminui conforme a renda aumenta. Assim, quanto mais próximo de R$7.350,00, menor o desconto.
- Rendas acima de R$7.350,00 por mês: o autônomo paga o Imposto de Renda normalmente e sem descontos, seguindo a tabela progressiva vigente.
Além da isenção e das novas faixas de desconto do Imposto de Renda Retido na Fonte, a aprovação do PL 1087/25 também trouxe a Tributação Mínima para Altas Rendas.
Importante: essa nova tributação não afeta diretamente a maioria dos autônomos, já que a renda anual desses profissionais normalmente não atinge o teto da nova tributação, que é de R$600 mil por ano. O impacto principal é para sócios de empresas e pessoas com rendimentos elevados. Saiba mais neste artigo.
As principais regras trazidas pela nova legislação são:
- Nova tributação sobre dividendos e lucros enviados ao exterior: alíquota fixa de 10%;
- Nova tributação sobre distribuição de lucros e dividendos maiores do que R$ 50 mil, dentro do mesmo mês, realizados pela mesma pessoa jurídica para a mesma pessoa física, com alíquota fixa de 10%;
- Nova tributação sobre rendimentos anuais de maiores do que R$600 mil até R$1,2 milhão: alíquota progressiva de até 10%, dependendo do valor total recebido;
- Nova tributação sobre rendimentos anuais acima de R$1,2 milhão: alíquota fixa de 10%;
- Regra de transição para Lucros acumulados: Lucros e dividendos relativos a resultados apurados até o ano-calendário de 2025 continuam isentos da nova tributação de 10%, desde que sua distribuição tenha sido aprovada até 31 de dezembro de 2025. O pagamento pode ocorrer até o ano-calendário de 2028, mantendo a isenção.
O objetivo da Tributação Mínima para Altas Rendas é equilibrar a arrecadação do Governo.
Qual é o impacto da isenção do Imposto de Renda para autônomos que emitem RPA?
O maior impacto da isenção do Imposto de Renda para os autônomos que emitem RPA está no recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte.
Com a aprovação do PL, uma dúvida comum é “Quem emite RPA pode pagar menos impostos com essas mudanças?” – e a resposta é: depende da sua renda mensal.
- Para quem ganha até R$5.000,00 por mês: vale a pena continuar emitindo RPA porque esta faixa de rendimento será isenta do IRPF;
- Para quem ganha até R$7.350,00 por mês: o desconto é decrescente, ou seja, quanto mais próximo de R$7.350, menor será a vantagem. Nestes casos, é importante avaliar se continuar como pessoa física e emitir RPA é a melhor opção;
- Para quem ganha mais de R$7.350,00 por mês: o IRPF será calculado normalmente. Neste caso, o ideal é consultar um contador de confiança para analisar qual é o melhor cenário para você, especialmente porque o valor do INSS e do ISS também estarão inclusos nesta conta.
A Contabilizei é o maior escritório de contabilidade do Brasil e os nossos especialistas estão prontos para tirar as suas dúvidas. Aproveite a nossa assessoria contábil gratuita para entender qual é o melhor cenário e economizar em impostos. Fale com um dos nossos especialistas!
Para simplificar ainda mais todas as mudanças da Reforma da Renda, confira exemplos práticos de como isso pode afetar (ou não) o seu bolso e o seu negócio.
Emitir RPA ou abrir CNPJ: o que vale mais a pena?
Com a Reforma Tributária da Renda (PL 1087/2025), a escolha entre emitir RPA ou abrir CNPJ ficou ainda mais importante, porque o modo como você recebe e paga impostos impacta diretamente quanto sobra no seu bolso.
Sendo assim, para escolher o cenário mais vantajoso para você, é necessário encontrar uma curva de equilíbrio, ou seja, o valor em que o ganho líquido como autônomo (RPA) se iguala ao ganho líquido como CNPJ.
Exemplo prático da curva de equilíbrio
Vamos supor que o seu rendimento bruto como autônomo é de R$2.385,00 por mês. Neste caso:
- Seu ganho líquido como autônomo seria R$2.074,00 considerando a incidência do INSS, ISS e o Desconto Simplificado do IR;
- Se você abrisse um CNPJ recebendo como “salário do dono da empresa” (pró-labore) o valor de um salário mínimo em 2025 (R$1.518,00), seu ganho líquido também seria de R$2.074,00 levando em consideração a incidência de INSS e o recolhimento dos impostos da empresa por meio do DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional);
Conclusão:
- Para rendimentos de até R$2.385,00 por mês: continuar como autônomo é mais vantajoso.
- Para rendas acima de R$2.385,00 por mês: abrir um CNPJ pode ser mais vantajoso financeiramente, aumentando o lucro líquido em comparação ao RPA.
Confira a tabela abaixo para comparar os impactos em diferentes tipos de cenários, tanto para o autônomo que emite RPA quanto para o dono de um CNPJ que tem um pró-labore de um salário mínimo.
| Cenário | Receita Bruta (R$) | Impostos e Descontos | Detalhes | Receita Líquida (R$) | Observações |
| Autônomo (RPA) | 2.385,00 | INSS 11% = R$262,35 ISS 2% = R$47,70Desconto Simplificado IR = R$607,20 | Impostos retidos automaticamente pela empresa pagadora | 2.074,00 | A melhor opção é para rendimentos abaixo de R$2.385; sem obrigações formais de CNPJ |
| CNPJ – Pró-labore (1 Salário Mínimo em 2025) | 2.385,00 | INSS de 11% sobre R$1.518,00 (pró-labore) = R$166,98 DAS (Simples Nacional) – alíquota de 6% = R$143,10 | Retirada de pró-labore + recolhimento dos impostos de PJ | 2.074,00 | Ganho líquido igual ao RPA, acompanhado das responsabilidades e custos de CNPJ |
Como ler a tabela:
- Receita Bruta: quanto você fatura antes de impostos;
- Impostos e Descontos: valores pagos obrigatoriamente (INSS, ISS, DAS, IR);
- Receita Líquida: quanto sobra no bolso após impostos;
- Observações: análise prática de vantagem e desvantagem de cada opção.
Qual é a melhor opção? Recapitulando!
- RPA é ideal para quem está começando ou fatura até R$2.385 por mês;
- Abrir CNPJ faz sentido quando o faturamento ultrapassa R$2.385 por mês, com planejamento adequado;
- Com a Reforma do IRPF, autônomos de baixa renda podem se beneficiar de isenção ou desconto progressivo, tornando a emissão de RPA ainda mais vantajosa;
- Planejamento tributário é essencial: o ideal é abrir um CNPJ quando o seu ganho líquido superar os custos de mantê-lo. Se esse for o caso, a Contabilizei está aqui para abrir sua empresa de forma simples e prática, além de oferecer suporte e tirar suas dúvidas durante toda a sua jornada.
Conheça a Contabilizei
A Contabilizei é o maior escritório de contabilidade do Brasil, líder em abertura de empresas e gestão de CNPJs. Nossa expertise é focada em simplificar a burocracia do pequeno e médio empreendedor. Oferecemos um serviço que une tecnologia de ponta a um atendimento humano e especializado, desde o processo de abertura do CNPJ até a gestão contábil diária.
Vale lembrar que a Contabilizei não atende pessoas que atuam como pessoas físicas. Porém, se você descobriu que abrir um CNPJ é a opção mais vantajosa para você, ou se ainda tem dúvidas de qual é o melhor cenário para exercer suas atividades, estamos aqui para tirar suas dúvidas.
Conheça a nossa assessoria contábil gratuita e conte com a experiência dos nossos especialistas para entender sobre temas como: abrir sua empresa, formalizar a sua profissão ou escolher o CNPJ mais adequado para o seu momento.
FAQ - Perguntas frequentes
Não, ainda não. Depois de sancionado pelo Presidente da República, o PL passa a valer a partir de 1º de janeiro de 2026. Até lá, continua valendo a tabela atual. Depois, a partir de janeiro, a nova tabela passará a valer.
Os impostos que continuam sendo cobrados no RPA são:
– INSS: 11% sobre o valor do serviço (até o teto do INSS);
– ISS: entre 2% e 5%, conforme o município;
– IRRF: calculado conforme faixa de isenção ou tabela progressiva.
A mudança é sobre o IRPF, então o fato de pagar INSS ou ter deduções não impede a isenção, desde que o rendimento tributável esteja até o limite proposto.
Depende do seu faturamento e de como você retira os lucros da sua empresa.
– Se você ganha até R$5.000/mês: fica totalmente isento de IRPF e garante mais economia;
– Lucros até R$50 mil/mês: continuam isentos;
– Se você ganha entre R$5.000,01 e R$7.350/mês: o imposto será reduzido de forma gradual. Quanto mais próximo de R$7.350,00 menor o desconto e a economia em impostos;
– Se você tem alta renda (lucros acima de R$50 mil/mês ou mais de R$600 mil/ano): haverá retenção de 10% na fonte sobre lucros e dividendos acima de R$50 mil/mês.
– IR mínimo anual (IRPFM): será aplicado progressivamente até 10% para rendimentos até R$1,2 milhão, e fixa em 10% acima disso;
– Importante: o Redutor protege contra a bitributação (ou seja, a tributação duplicada), limitando a soma do imposto da empresa e do sócio a 34%.
Em resumo: a maioria dos empreendedores pagará menos ou um valor igual de Imposto de Renda em 2026. Porém, os sócios de alta renda precisam planejar cuidadosamente para evitar surpresas com IR sobre lucros e pró-labore.
Sim, na maioria dos casos, ainda vale muito a pena abrir um CNPJ.
A taxação de lucros e dividendos afeta principalmente os empreendedores chamados de alta renda. Porém, para a grande maioria dos micro e pequenos empresários, a abertura de um CNPJ continua sendo a opção mais vantajosa do ponto de vista tributário e operacional.
Isso porque:
– Lucros continuam isentos para retiradas de até R$50.000/mês;
– O pró-labore até R$5.000,00 entra na faixa de isenção do IRPF, reduzindo drasticamente o imposto;
– O CNPJ permite planejamento tributário, evitando a alíquota máxima de 27,5% da Pessoa Física;
– E ainda oferece proteção contra a tributação excessiva nas novas regras.
Caso tenha dúvidas, fale com um dos especialistas da Contabilizei e conheça a nossa assessoria contábil gratuita!
Não, a Contabilizei não atende profissionais que atuam como pessoa física.
Porém, se você trabalha como pessoa física e quer abrir uma empresa, ou se tem dúvidas se essa é a melhor opção para você, fale com um dos nossos especialistas e tire as suas dúvidas. Nós temos uma assessoria contábil gratuita para tirar suas dúvidas sobre a isenção do Imposto de Renda e qual a melhor escolha no seu caso.
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Escrito por:
Charles Gularte
Contador técnico e responsável na Contabilizei. Charles Gularte é vice-presidente de Operações da Contabilizei desde 2015, responsável técnico da empresa e contador há mais de 20 anos (CRC PR-045113/O-7). Atualmente é líder do maior time de contadores certificados do Brasil, onde garante um modelo operacional escalável e sustentável, que entrega serviço, atendimento e suporte com excelência a mais de 70 mil micros e pequenos empreendedores. Formado em Ciências Contábeis pela FAE Centro Universitário e com MBA em Gestão Empresarial, Administração e Negócios pela FGV, iniciou a carreira em um escritório de contabilidade e seguiu para o mundo corporativo, onde é referência profissional quando se trata de uma rotina contábil segura, transparente e confiável no país.