O que é uma empresa familiar? Como fazer a sociedade funcionar e o negócio dar certo

O que é uma empresa familiar? Como fazer a sociedade funcionar e o negócio dar certo

Será que ter um empreendimento familiar é uma boa saída? As empresas familiares podem incluir diversos membros da família, tanto na parte administrativa quanto como acionistas e membros da diretoria. Muitas vezes pode ser perigoso e ocorrer situações desfavoráveis ao sucesso.

Muitas empresas brasileiras, incluindo grupos enormes como Odebrecht e Votorantim, foram fundadas por familiares entre si e várias permanecem assim até hoje, como a maioria das pequenas e médias empresas também.

Empresa Familiar o que é?

A empresa familiar é o empreendimento em que os donos e funcionários do negócio fazem parte de uma mesma família. Consequentemente, o patrimônio e a renda dos colaboradores são vinculados aos do estabelecimento.

Diferentemente dos demais tipos de negócio, o que ocorre nesse caso é que os postos de trabalho, principalmente os de gestores e diretores (que envolvem tomada de decisão) são preenchidos por pessoas de confiança, que fazem parte da família. Um bom ponto de partida é entender como funciona, os riscos e vantagens de ter e administrar uma empresa familiar. Comece lendo, é uma excelente prática!

Sua estratégia de negócios precisa incorporar a dimensão das necessidades da família, como sucessão, necessidades de dividendos e estruturação fiscal na sucessão dos aspectos societários e para abrir uma é preciso seguir alguns passos fundamentais evitando problemas com o fisco. 

Qual o melhor tipo de empresa para um negócio de família?

1. Empresa familiar tradicional

São consideradas as mais comuns em um negócio de família. Em regra, elas possuem capital fechado e o controle administrativo e financeiro é feito exclusivamente por familiares. São empresas com maior controle dos proprietários e consideradas de pouca transparência.

2. Empresa de trabalho familiar

Esse tipo de empresa familiar é muito semelhante ao anterior. Seu critério considera a combinação entre propriedade e gestão. Dessa forma, os membros da gestão da empresa são sempre da família, de modo que os filhos ou parentes de grau mais próximo ao do fundador são incentivados a trabalharem nela.

3. Empresa de administração familiar

Também é parecida com o tipo anterior e o tradicional. Porém, a principal diferença dessa empresa familiar é que, embora todos os membros exerçam controle sobre o negócio, aqueles que ocupam as funções de gestão são capacitados para isso.

4. Empresa familiar híbrida

Nesse caso, a empresa familiar apresenta um pouco mais de abertura em relação aos tipos de empresas familiares anteriores. Assim, o capital é aberto, o controle é exercido pela família, mas existe a presença de gestores profissionais, que não sejam necessariamente da família, em cargos de direção. Exatamente por isso elas são consideradas um pouco mais transparentes e profissionais.

5. Empresa de influência familiar ou de investimento

Nesse caso, a maior parte do controle das ações da empresa é atribuído a terceiros, embora os familiares mantenham o controle estratégico da organização. Isto é, pode ser que os membros da família não participem da administração da empresa, mesmo que possuam o maior controle sobre ela. Esse modelo é também considerado mais transparente e profissional.

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Cultura de empresa familiar

Dentro de um negócio de família, a cultura e o clima organizacional estão diretamente relacionados à missão, visão e valores da empresa, influenciando consideravelmente no seu modo de gestão. No empreendimento familiar, os principais tipos encontrados nesse sentido são:

1. Cultura paternalista

Tipo muito comum no Brasil, mantém as relações de subordinação organizadas hierarquicamente e com certa rigidez. Dessa forma, as lideranças são sempre exercidas por membros da família, que são totais detentores de poder e tomadores de decisão. Isso independe da qualificação. Portanto, os colaboradores não têm espaço para questionamentos ou participação, apenas obedecem ordens.

2. Cultura Laissez-faire

Nessa cultura mantém-se a relação de hierarquia e o poder dos familiares para as decisões estratégicas (liberalismo econômico). Porém, os colaboradores são considerados de confiança e podem decidir sobre os meios para alcançar os objetivos da empresa.

3. Cultura participativa

Nessa cultura os membros da família não são tratados de maneira diferenciada. Por isso, há abertura para participação dos colaboradores e os interesses do grupo são os norteadores do negócio.

4. Cultura profissional

Nessa cultura, a profissionalização da gestão e demais funções é um cerne da empresa. Portanto, o envolvimento da família pode ser apenas indireto.

Onde investir em família?

A primeira regrinha básica para quem vai dividir o mesmo espaço é: separar os assuntos familiares. Outra dica é saber ouvir opiniões, independente se a pessoa é mais velha ou mais jovem dentro da empresa. A falta de comunicação ocorre com frequência quando a empresa familiar é gerida por diferentes gerações.

Além disso, em um negócio de família é preciso estabelecer a remuneração aos sócios por seu trabalho na empresa, assim como os salários dos familiares e colaboradores que atuam no local. Isso evita conflito e ainda possibilita que você tenha conhecimento dos gastos com salários no mês.

Como deve funcionar uma empresa familiar?

Em um empreendimento familiar, alocar pessoas dentro das funções corretas é uma das missões mais importantes de qualquer administração. Se uma pessoa despreparada ocupa um cargo de gestão, por exemplo, os riscos de que os resultados da empresa sejam afetados são imensos.

Basta uma decisão equivocada para colocar anos de planejamento a perder. E todos sabemos que decisões acertadas demandam análise e conhecimentos prévios. o desempenho organizacional baseado em um planejamento financeiro forte é um fator fundamental para que as empresas familiares obtenham sucesso.

Essa situação não é diferente quando se trata da gestão de empresa familiar. Há empresários que destinam os melhores cargos a filhos ou sobrinhos, por exemplo, ainda que a formação dessas pessoas não se relacione com as funções exigidas.

Por mais que se queira dar uma função a diversos familiares, é preciso analisar as competências e as exigências de cada função. Se for o caso, é necessário estimular a busca por mais qualificação por parte dos familiares, de modo a assegurar que cada um esteja apto a desenvolver suas funções.

Quais as vantagens de uma empresa familiar?

Ter uma empresa familiar para muitos pode ser uma dor de cabeça, mas se a família tem um propósito em comum, podem crescer juntos e desenvolver o negócio. Conheça as vantagens de ter uma empresa com a sua família:

  • Interesses comuns.
  • Confiança mútua e autoridade definida e reconhecida.
  • Facilidade na transmissão da informação.
  • Flexibilidade de processos.
  • Projetos a longo prazo.
  • Permanência da cultura e dos valores:
  • Maior dedicação e envolvimento pessoal.
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Desafios da gestão e conflitos em uma empresa familiar

Liderança: coloque na balança as qualidades pessoais de cada indivíduo, para saber que gerir e administrar a empresa de forma organizada e com estratégia é o melhor caminho;

Defina regras: para que uma empresa cresça e tenha bons resultados, é indispensável a existência de regras que determinem como os membros da organização irão se portar;

Planejamento: é preciso  traçar e definir metas e objetivos que devem ser sempre de conhecimento de todos, como também definir a missão, visão e os valores da empresa como prioridade dentro do planejamento, visto que norteará o dia a dia de todo o negócio;

Salários: assim como nos casos em que a empresa é constituída por uma só pessoa, a empresa familiar não deve ter todo o seu lucro tratado como fonte de renda dos sócios. Pelo contrário, é essencial que os pró-labores estejam previstos nas planilhas de gastos, sendo que a diferença deverá sempre ser aplicada no próprio empreendimento;

Controle financeiro: depois de ter acordado os salários e pró-labores da empresa é hora de fazer o planejamento financeiro. Esse controle é uma das partes mais importantes da organização. Afinal, sem dinheiro a empresa está fadada ao fracasso;

Atribuições e funções: dar ciência sobre o cargo e quais as suas principais atribuições, para cada um, é realmente importante para que todas as tarefas caminhem sem problemas;

Decisões conscientes: tomar cuidado para não misturar emoções e situações do dia a dia familiar com empresarial. É preciso ser extremamente sábio e paciente para não incorrer em erros e misturar as coisas;

Alinhamento de interesses: para se manter no mercado, na maior parte das vezes, será necessário pôr em primeiro plano o interesse da organização e não o que cada um pensa. Focar nos resultados e nas melhores trajetórias para atingi-lo é o plano essencial do crescimento de uma empresa familiar.

Confira algumas ferramentas que podem ajudar no processo de gestão empresarial do empreendimento familiar. 

Exemplos de empresas familiares bem sucedidas

Um estudo do Centro de Negócios Familiares da Universidade de St. Gallen, na Suíça, listou as 500 maiores empresas de família por receita. A gigante varejista Walmart, dos Walton, aparece no topo do ranking, com receita de US$ 476 bilhões por ano. A empresa é seguida pela alemã Volkswagen, dos Porsche, e a norte-americana Berkshire Hathaway, de Warren Buffet.

O Brasil é representado por 15 empresas na lista. Duas delas, entre as 25 primeiras colocadas: o Itaú Unibanco (18ª posição), dos Moreira Salles, e a JBS (24ª), da família Batista. O ranking ainda inclui Odebrecht (26ª) e Camargo Corrêa (138ª).

Atualmente algumas empresas familiares brasileiras tem se destacado ainda mais pela agilidade de seus processos e na forma como estão realizando transformações e sucessão profissional. Um dos casos mais interessantes é a Magazine Luiza, que tem duas gerações no comando e segue líder em vários segmentos, inclusive o digital.

Como separar o dinheiro da empresa do dinheiro pessoal?

Organizar as finanças pessoais não é um hábito para mais de um terço dos brasileiros (36%), segundo uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

É preciso considerar que tudo o que entra e não é gasto na manutenção do negócio acaba indo para as contas pessoais, como fatura do cartão de crédito, aluguel, boletos e por aí vai.

1. Diagnóstico de finanças

A forma mais simples de fazer isso é anotando – seja em uma planilha online ou em um caderno. Em um lugar, coloque todas as contas da empresa (entradas e saídas). Em outro, anote os gastos pessoais (fixos e variáveis).

2. Qual é o seu pró-labore?

O recomendado é definir uma quantia fixa mensal de “salário” (pró-labore) para cada membro da família e uma bonificação que varia de acordo com os resultados da empresa. Assim, se o negócio for bem, ganha-se mais – se não for, o salário fixo está garantido. 

3. Separar contas bancárias

É fundamental ter uma conta da empresa e cada membro ter a sua como pessoa física, para que nenhum valor seja confundido ou usado de forma incorreta.

4. Separar despesas

Um primeiro passo é listar todos esses “bens compartilhados” entre empresa e empreendedor, como veículo, celular, internet e energia elétrica. Depois, avalie quanto cada bem é usado pela empresa e pelo empreendedor.

5. Reservas mensais

Imprevistos podem acontecer e é importante ter capital para passar por esses momentos. Na empresa, por exemplo, esse dinheiro pode ser usado para o capital de giro ou enfrentar tempos de crise.

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Empregado familiar, sócio financeiro ou sócio executivo?

Segundo um levantamento do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o Sebrae, ter um membro da família como sócio ou empregado faz parte da realidade da maioria das pequenas empresas. Sendo que 52% das micro e pequenas empresas brasileiras podem ser consideradas familiares, ou seja, possuem sócio ou empregado parente do proprietário. 

1. Empregado

É a pessoa física que presta serviço para outra pessoa, denominada empregador, de forma habitual, com o recebimento de um salário, sem poder se fazer substituir por outro trabalhador e mediante subordinação – o que significa que ele tem seu trabalho dirigido por outra pessoa.

Não assume os riscos da atividade e presta serviço mediante subordinação (por exemplo, cumprindo horários, recebendo ordens de superiores e tendo seu trabalho fiscalizado por um superior hierárquico)

2. Sócios

A sociedade é caracterizada pela união de pessoas que assumem o compromisso de contribuir mutuamente, seja com bens ou serviços, para uma atividade econômica comum e a partilharem entre si os resultados. Assim, os sócios compartilham entre si tanto o risco da atividade econômica quanto os seus lucros.

Em sua maioria, trabalham em função de um objetivo comum, sem se subordinarem mutuamente e assumindo os riscos do negócio.

Sócio executivo

Responsável maioral e legal da empresa, esse sócio tem claramente o foco da empresa, assumindo funções da gestão direta (executiva). Promove a criação e o melhoramento contínuo de sistemas eficientes de trabalho.

Sua busca está em integrar a empresa com os departamentos e com cada colaborador, além de instituir o uso regular de sistemas de informação e análise.

Sócio financeiro

Esse sócio é responsável por gerenciar os departamentos contábeis e financeiros, desenvolvendo normas internas, processos e procedimentos de finanças.

Suas responsabilidades estão em: planejar, organizar, dirigir e controlar as atividades financeiras da empresa, fixar políticas de ação acompanhando seu desenvolvimento, para assegurar o cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos, realizar o gerenciamento completo da área administrativa e financeira da empresa, contemplando as atividades de planejamento financeiro, contas a pagar e conta a receber, cobrança, gestão do patrimônio da empresa, entre outros.

Três cuidados essenciais na empresa familiar

A busca por parentes como sócios é um processo natural, segundo Iêda Carvalho, diretora executiva do The Family Business Network do Brasil (FBN-Brasil), rede internacional sem fins lucrativos para apoio e incentivo às empresas familiares.

1- Registrar cargos e atribuições

Quando o negócio cresce muito e se estende por gerações, o número de herdeiros se multiplica e as tensões aumentam. Disputas por cargos e cotas de participação são frequentes.

Para evitar esse tipo de conflito, os membros das famílias têm de pensar como empresários e assumir responsabilidades, firmando um acordo societário.

2- Planeje a sucessão

De acordo com uma pesquisa da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), 55% das organizações familiares não fazem planejamento sucessório. O estudo ainda revela que 81% dos fundadores não pensam em um programa de vida após encerrarem sua carreira.

Por isso é importante selecionar filhos ou parentes com as melhores aptidões para assumir os negócios.

3- Ascensão rápida

É importante que dentro de um empreendimento familiar não haja “queridinhos”, isso gera incômodo e perda de credibilidade para a empresa. Por isso, todo esse processo de transição deve ser feito de maneira transparente. Os funcionários da empresa também precisam participar e conhecer o futuro sucessor com muita antecedência.

Endereço da empresa

Não será permitido alocar uma empresa comercial em áreas particularmente residenciais. E, mesmo que seja uma área que intercale residências e comércio, será necessário uma autorização da prefeitura municipal.

Vale destacar que a legislação difere de uma cidade para a outra. Por isso, dependendo do porte da empresa e do tipo de atividade, será necessário um espaço físico adequado e um alvará de funcionamento.

Independente se a sua empresa é uma prestadora de serviços, comércio ou indústria, a recomendação é sempre procurar a prefeitura local para validar se a sua atividade está permitida para o endereço que você pretende registrar e/ou se instalar.

Fácil ou difícil: conte sempre com um especialista para te ajudar

Para que o negócio de família dê certo, assim como todos os outros tipos de empresa, ele precisa ser conduzido e administrado com estratégia e planejamento. Por isso, conte com uma equipe de especialistas para gerir o seu negócio com segurança e lucratividade. 

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Escrito por:

Guilherme Soares

Guilherme Soares é vice-presidente de Aquisição e Receita da Contabilizei, onde atua desde 2018. O executivo lidera as verticais de negócios de Aquisição de Novos Clientes e de Gestão dos Clientes, sendo responsável por growth marketing, comercial, novos negócios, produtos e gestão da unidade de negócios, áreas que são essenciais para garantir a atração, a conversão e a fidelização de clientes. Como um dos responsáveis pelo crescimento acelerado da companhia, reúne as ferramentas e as habilidades necessárias para implantar teses de crescimento e gerir a qualidade dos serviços prestados, visando conquistar diferentes patamares e sustentar a liderança de mercado em um ambiente competitivo. Engenheiro formado pela USP, concluiu mestrado em Gestão e Administração de Negócios pela London Business School e participa constantemente de programas de treinamento relacionados à gestão e ao crescimento de negócios, como o programa Empreendedorismo e Competitividade na América Latina pela Columbia Business School e o Innovation & Growth da universidade de Stanford. No passado, exerceu a função de consultor estratégico de negócios na Bain & Company e liderou áreas de estratégia comercial e produtos na Latam Airlines Cargo e Cielo.

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